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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

DIA MUNDIA DA POESIA















O SOLITÁRIO  COTIDIANO

    por Airton Souza

Corre solta a confusão
do dia,
de um lado a calmaria,
doutro a romaria,
a soberba da esperança.

Um ônibus azulado
ganha a rua, reflete
a passagem das horas.

A solidão maior,
ali sentado,
ao seu lado, um copo vazio,
trajes claros, sujos pelo dia
anterior,
céu menos azul que o ônibus.

Os capitalistas iriam se cruzarem,
na próxima esquina,
não tinha como evitar.
sentado, a solidão se continha
imóvel,
cabisbaixo, resignado pelas horas,
ao seu lado uma
longa rua asfaltada,
aos seus pés, uma velha
apergata de borracha,
corroída pelas ruas de terra batida.


A solidão mirava o chão
destino certo, ilusão.
Calado, mãos cruzadas.
Corre solto o dia
como qualquer outro.

Para ele não era necessário
datas, horas, chuva, sol...
só queria viver mais um dia,
então,
ignora o copo e os capitalistas na esquina.

Sentado, não sabe ler
a frase escrita na
parede suja
“MUDANÇA TRAZ ESPERANÇA”
mudança traz esperança?
esperança se faz com dignidade
não com mudança.


Para viver mais um dia
a solidão quer comida.
Parado e calado, a vida
prossegue ao seu lado,
num cotidiano fúnebre.


É manhã,
terá um longo dia incerto
a solidão.
Viver é o seu desejo maior,
porque amar já é coisa do passado.










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